quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Uma Pele para Dois.

Não só no Brasil como no mundo todo, muito antes da Abolição da Escravatura, movimentos sociais envolvendo negros, ainda que clandestinos, já lutavam por cidadania; pois não só a liberdade como também direitos civis e conceitos morais lhes eram negados, só pela pigmentação escura de suas peles. Felizmente, graças aos esforços de muita Gente negra (com G maiúsculo), grandes avanços sociais foram conquistados ao longo da história mundial.
Tanto que, hoje, o homem mais importante do mundo é negro: Barack Hussein Obama II, presidente dos Estados Unidos da America. Presidente do país mais rico e influente do mundo não pela cor da sua pele e nem apesar dela, certamente, mas por sua competência como Gente, que por acaso ou apesar de tem a pele negra.

A pele é praticamente igual em todos os grupos étnicos humanos, independente da sua cor. A pele é o maior órgão de percepção e comunicação do ser humano, esticada, tem cerca de 2 metros quadrados, é contínua e envolve toda a superfície externa do corpo, sendo apenas interrompida em seus orifícios naturais: as pálpebras, narinas, canais auditivos, boca, uretra e ânus. Tem como função principal proteger o nosso corpo das ameaças externas. Preta, branca, amarela ou vermelha a pele impermeabilizar, aquecer, proteger e realizar o equilíbrio térmico do corpo. E o que faz a cor da pele ser preta, branca, amarela ou vermelha é um pigmento chamado melanina, juntamente o caroteno (outro pigmento), que se localiza no tecido adiposo subcutâneo, que tem a cor alaranjada e os vasos sanguíneos, que quanto mais superficiais e dilatados, mais a pele fica escura. A melanina protege a pele contra os efeitos nocivos dos raios solares e em ternos biológicos a pele negra tem mais vantagens, mas culturalmente, negros, mestiços e mulatos pagam um preço muito alto por ter uma dose de pigmento melânico a mais em suas peles. Apesar do ser humano não ser só uma pele, utilizaram (principalmente) a cor da pele, a textura e cor do cabelo, os traços da face (lábiosolhos e nariz), para dividir a humanidade em raças e veio o racismo.

Há muito tempo, cientistas no mundo todo, das mais diversas áreas têm se esforçado, com maestria, para provar que o conceito de raça humana nem sequer existe e conseguiram. “O problema é que raça não é apenas um conceito. É também uma realidade simbólica, um termo da linguagem popular que se identifica com imagens reconhecíveis, como a cor da pele ou o aspecto dos cabelos.” Disse Pierre-André Taguieff, filósofo e cientista francês em entrevista para a Revista Superinteressante (edição 66 – Editora Abril).  E disse mais:

“Pode-se, sem dúvida, lutar contra a pseudociência com a ciência. Sem problemas. Mas as teorias anti-racistas não estão funcionando porque elas utilizaram argumentos da sabedoria. Estes argumentos são levados em consideração unicamente no mundo em que eles são considerados sérios. Cada um vive, no entanto, em vários mundos: um científico, outro da experiência vivida, etc. No mundo da razão, cada um pode estar de acordo com o anti-racismo científico. Mas no mundo da experiência vivida, existe sempre aquele mas: Você tem razão, mas você não o conhece. Sou eu que vivo lado a lado com alguém diferente, que come outra comida, ouve música exótica ou cheira mal. Pode-se também lutar contra um mito com outro mito, como aconteceu a partir da década passada. A tática anti-racista foi fazer a apologia do mestiço: ele é mais bonito e mais rico que os outros, pois tem várias origens raciais e culturais. Um absurdo, pois voltamos ingenuamente ao racismo biológico. A crise anti-racista, a meu ver, se deve a estes dois fatores: quando o discurso é científico, ele passa ao largo do problema; quando é simbólico, faz parte do mesmo campo de idéias”.
  
Pois é Gente, a pigmentação da pele fez e ainda faz muita Gente sentir na própria pele a dor da discriminação. Da mesma forma Eu: Alemberg Santana sinto na minha própria pele a dor da discriminação, simplesmente, porque a minha pele só se arrepia pelo toque da pele de alguém que tem o mesmo sexo que o meu; mas deixa estar, o mundo gira e nada melhor do que um dia após o outro, hoje o homem mais importante do mundo é alguém que por acaso ou apesar de é um negro, um dia será alguém que por acaso ou apesar de é um(a) homossexual. Nem a cor da pele e nem a orientação sexual por si só faz o Homem. Tenho dito.



"Nós não determinamos a quem vamos amar. E é por isso que eu acho que a discriminação com base na orientação sexual é errada". 
Obama

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