sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Adão e Ivo - a Bíblia Reinvetada por Alemberg Santana

Michelangelo

No princípio Deus criou os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o primeiro dia. No segundo dia Ele separou as águas, a água doce da salgada e a água dos Céus das demais, no terceiro dia criou os mares, rios, lagos e a terra firme, assim como toda a flora. O sol, a lua, as estrelas e o tempo foram criados no quarto dia. No quito, as aves e os animais aquáticos. No sexto os animais terrestres, o homem e a mulher. Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo Deus acabado no sétimo dia a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera. Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que o SENHOR Deus fez a terra e os céus.

No sexto dia, o SENHOR Deus havia criado Adão, o primeiro homem e Lilith, a primeira mulher, com a missão de povoar a terra com seus descendentes. Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome. E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo. E Adão tinha o domínio sobre todas as coisas. Porém, Lilith rebelou-se, recusando-se a ficar sempre em baixo durante as suas relações sexuais. Lilith reclamou: ‘‘Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual.’’ Quando reclamou de sua condição a Deus, ele retrucou que essa era a ordem natural, o domínio do homem sobre a mulher, dessa forma abandonou o Éden. Três anjos foram enviados em seu encalço, porém ela se recusou a voltar.

Adão ficou só e como precisava de uma ajudadora idônea. Então o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar. E da costela que o SENHOR Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.


Adão, Eva e Lilith (imagem do google)

Ora, Lilith havia enganado o SENHOR Deus se transformara em serpente e era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi. E disse o SENHOR Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.

Então o SENHOR Deus disse a Adão: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás. E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes. E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.
Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente. o SENHOR Deus, pois, o expulsou do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.

Tamanha fora a decepção do SENHOR Deus como as mulheres que havia criado: Lilith e Eva, que pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida. E criou Ivo, o segundo homem para guardar e preservar todas as maravilhas que possuí o jardim do Éden.

“No princípio foi o engano. Difícil é saber quem enganou quem. Primeiro Adão, envergonhado de seu ato, tenta enganar a Deus: esconde-se com Eva entre as árvores do Éden. Descoberto, contudo, ele admite perante Deus a traição da promessa de não tocar no fruto proibido. O que Adão tenta, então, é eximir-se da culpa acusando Eva de tê-lo oferecido sedutoramente a ele. Eva, por sua vez, responde à interpelação divina apontando o dedo acusador para a serpente: foi ela quem a teria enganado e persuadido a provar o fruto. A serpente, porém, o que disse? Ela contou a Eva que a ameaça feita por Deus era enganosa – que eles não morreriam ao comer o fruto, mas que os seus olhos se abririam e eles se tornariam semelhantes a Deus no discernimento do bem e do mal”. (Auto-engano / Eduardo Gianneti – São Paulo: Companhia das Letras, 1997) E Eu: Alemberg Santana tentei enganar vocês criando Ivo e trazendo Lilith, um personagem da Cabala, para o mito de Adão e Eva.

Já confessei, aqui, que sou doente, criminoso e pecador, agora lhes revelo que sou viciado em mentiras. Já fui tantas vezes vítima de atos mentirosos que resolvi ir a campo e pesquisar sobre a mentira, o auto-engano e suas conseqüências. Descobri que só somos autênticos e sinceros até os três meses de idade, depois disso aprendemos (literalmente) no berço a utilizar artifícios para chantagear nossos pais, mas tudo na maior inocência, pois só em torno dos sete anos que passamos a diferenciar com clareza o falso do verdadeiro. E mesmo depois de adquirir, a capacidade de separar o falso do verdadeiro, a cada dez minutos de conversa contamos duas ou três mentirinhas deslavadas, afirma Robert Feldman, psicólogo do Centro de Ciências Sociais e de Comportamento da Universidade de Massachusets. Afinal, somos estimulados a mentir de maneira socialmente aceitável desde cedo, por meios dos mais diversos modos de punição, somos obrigados a fingir respeito, a agradecer pelos presentes que não gostamos e não emitir opiniões sinceras etc. E quem não consegue dominar com maestria, a arte da mentira social, paga o alto preço do ostracismo. 

Inseto ou folha? (imagem do google)

Se a verdade, nada mais que a verdade é tudo que a humanidade almeja, por que mentimos? Porque o engano parece ser a regra e não a exceção. A idéia de que a função da comunicação animal ou vegetal é transmitir uma informação verdadeira do emissor para o receptor é uma idealização romântica da Natureza. O mundo é povoado por exímios mentirosos. O camaleão mente que é verde quando está num ambiente verde, marrom quando está num ambiente marrom. A camuflagem ou mimetismo é a arte do disfarce, é quer parecer o que não se é. E é uma grande mentira. Vermes, insetos, peixes, anfíbios, aves e até mamíferos usam e abusam desse recurso: mudam de cor e até de forma para parecerem o que não são – maiores, ferozes ou nocivos. A cobra-garter macho (Thamnophis sirtalis parietalis), que habita as regiões geladas do Canadá, produz um feromônio feminino para atrair outros machos, não no intuito de casalar, mas sim, aproveitar-se de outros machos para se manterem aquecidos, aumentando sua temperatura interna em até três graus centígrados. Outras espécies usam o travestismo para tirar vantagem, as fêmeas de alguns insetos imitam os machos para fugirem do assédio sexual de machos assanhados. A natureza mente deslavadamente e nós fazemos parte dessa Natureza.


O problema é que a mentira tem pernas curtas, o mimetismo, por exemplo, só funciona bem quando os animais estão estáticos, em movimento são facilmente desmascarados. E ser pego numa mentira, às vezes, pode ser fatal, por isso os trapaceiros precisam demandar tempo aperfeiçoando seus métodos de mentir, enganar, engabelar, lubridiar. É fato, que cedo ou tarde, a Verdade sempre vem à tona, o tempo que se leva para desmascarar o mentiroso, depende da eficácia de quem mente e da presteza em detectar as Mentiras, pela parte ofendida.

A mentira é um mecanismo de defesa facilmente acessível, amplamente difundido e o menos eficaz de todos os mecanismos que um ser pode usar. E irmã xipófaga da exploração, se separadas, ambas morrem. Mente-se de diversas maneiras. Mente-se para si mesmo e para o outro, mentes falando ou omitindo certas falas, mente-se dizendo a verdade ou omitindo algumas verdades, mente-se mentindo. Mente-se atribuindo ao Outro aquilo que é seu (rejeição), mente-se atribuindo a nós mesmo o que é do Outro (projeção), mente-se esquecendo o que não era para ser esquecido (repressão). A mentira está em todas as coisas, em todos os lugares, entrelaçada com a verdade, enraizada na história. A mentira é uma verdade inventada e insustentável que tem como principal objetivo tirar proveito do Outro. 

Adão & Ivo (imagem do google)

Eu não acredito em Adão & Eva e nem na Santa Madre Igreja Católica, descobrir cedo que ela mente e nos explora. E eu de tanto viver com suas mentiras, aprendi a inventar as minhas próprias verdades, acredito em Adão & Ivo. 


"A mentira começa com a pessoa, a verdade é anterior a ela". 
Eugênio Musaka


PS: Mentira que a primeira parte do texto fui eu que escrevi, ele foi tirado do site: http://www.bibliaonline.com.br/acf/gn/1, com minhas devidas alterações. Assim como eles, eu invento as minhas verdades. 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O Pior Menino da Rua

Jean Genet

Jean Marcel Genet (1910-1986), escritor, poeta e dramaturgo, considerado pela crítica especializada, o poeta do escândalo e da insubordinação. Filho de uma prostitua e pai desconhecido, foi abandonado pela mãe na assistência pública e depois adotado por um casal de Morvan, na Borgonha. Embrenhou no submundo do crime logo cedo, na adolescência já praticava pequenos furtos na sua própria casa e na vizinhança, certamente era o pior menino da sua rua. Após abandonar a família adotiva, passou a juventude em reformatórios e prisões; quase sempre por roubo de cortes de tecidos, camisas e livros; onde afirmou sua homossexualidade. De vida errante, morou em diversas cidades da Europa como mendigo-prostituto, tendo como companheiros uma “matilha” de pessoas marginalizadas pela sociedade: ladrões, prostitutas, travestis, cafetões e muitos outros. Condenado, por crime de morte, à prisão perpétua passou grande parte da sua vida reclusa em diversas cadeias, que paradoxalmente, tornou-se sua fonte inspiradora de grande parte de sua obra literária. Conseguindo o milagre de transformar sua vida marginal e sem esperanças em literatura de inquestionável qualidade, escrita em sangue, suor e esperma. Uma literatura nua e crua, mas sem perder a poesia. A grande virada da sua vida ocorreu em 1943, ao ser apresentado ao filósofo Jean-Paul Sartre e ao poeta e cineasta Jean Cocteau, que logo se tornou seu admirador e encontrou um editor para o livro: Nossa Senhora das Flores (1944), considerado por muitos críticos a sua obra-prima. “Nela, é retratada a solidão do homem e a hipocrisia das relações humanas, fazendo do livro uma autêntica epopéia do mundo marginal”. “É a história heróica de vida e morte de um travesti chamada Divina apaixonada por Mignon, um macho cafetão igualmente ladrão e impostor que lhe impõe traição e abandono”. E se não me falha a memória, é logo no primeiro capitulo, que li a frase mais saborosa do livro, que diz algo mais ou menos assim: “eu fui atraído ao mundo do crime pela virilidade dos homens” e se a frase não é exatamente assim, pelo menos é exatamente assim que vejo a associação do gay e a marginalidade. E tenho a minha própria historia para lhes contar.

Quando criança, eu era tímido, inseguro e titubeante. Tinha o choro fácil e era praticamente autista, somado a tudo isso era gordinho e tinha uma sensibilidade à flor da pele. Tudo me amedrontava, tinha medo do escuro, de bichos, de gente, de beijos e até de desenhos animado. Eu: Alemberg Santana preferia brincar sozinho, a ter que aturar outras crianças, pois no meu mundo solitário não havia lutas, disputas e nem necessidade de marcar território, o mundo era todo meu, só meu e do meu jeito. Quis o destino que eu crescesse rapidamente e como o meu mundinho já não mais me cabia, então comecei a explorar outros mundos e descobri cedo, que o mundo não tem fronteiras. Descobri um mundo de cores, sabores, aromas, sensações e desejos, muitos desejos. Desejos por meninos – pelo meu “melhor amigo”, que me arrepiava e pelo “pior menino da rua” , que me enlouquecia. Meu “melhor amigo” entrava e sai lá de casa sem pedir licença, o “pior menino da rua” era proibido de entrar lá em casa. Meu “melhor amigo” era elogiado por todos e tirava nota dez, o “pior menino da rua” era odiado por todos e só ia para escola quando queria, o “pior menino da rua” era livre e nós éramos escravos de horários, normas e expectativas. Eu tinha que estudar para ser médico e meu “melhor amigo” para ser engenheiro (acho) e o “pior menino da rua” estudava quando queria e pelo visto ele tinha determinado que poderia ser qualquer coisa ou nada, mas os adultos diziam a boca pequena, que ele já era alguma coisa: era marginal.

Eu era “o menino bonzinho”. Educado, comportado, estudioso, criativo e obediente. Todos os atributos de bondade me pertenciam e os de maldade ao “pior menino da rua”: danado, mal educado, mal criado e pervertido. Eu era o anjinho e ele o capeta e éramos fieis aos nossos papeis. Fiz praticamente tudo que um “menino bonzinho” tinha que fazer para ser o bonzinho: tomei tônicos horríveis para poder “crescer bonito e saudável”, decorei a letra inteira do Hino Nacional, fiz curso de catecismo, caligrafia, datilografia etc, afinal era assim que tinha que ser e eu era o “menino bonzinho” e obediente. O “pior menino da rua” parecia não obedecer ninguém, além dos seus impulsos, era livre das convenções, ou melhor, ele era a própria contravenção e era o meu ídolo. Ele falava palavrões, batia nos outros meninos, tocava as companhias das casas e saia correndo, jogava pedra nas vidraças e nos loucos, faltava as aulas e só tirava notas baixas, quebrou perna, braço, cabeça e não parava dentro de casa. Ousei cometer algumas transgressões, mas nada que se comparassem as travessuras do “pior menino da rua”, afinal eu era o “menino bonzinho”

Aos 12 amos de idade eu continuava gordinho e tinha ganhado um par de óculos, para corrigir minha miopia de dois graus, estava dando intenção e direção para a minha sexualidade que oscilava entre meninos e meninas. Dei o meu primeiro beijo na minha vizinha, mas desejava mesmo era beijar meu “melhor amigo” e fazer sexo com o “pior menino da rua”. Como eu era o “menino bonzinho”, não fiz nem uma coisa nem outra, pelo menos, não aos 12 anos. E assim me tornei, com a ajuda dos outros, um “menino bonzinho” que beija, namora e hoje é casado com outro “menino bonzinho”, mas que nunca deixou de admirar e às vezes desejar, “os piores meninos da rua”.

“Os piores meninos da rua” são inconseqüentes, irresponsáveis, transgressores, sedutores, aproveitadores, preguiçosos, malandros, etc. Possuem corpos deliciosamente construídos em academias, campinhos de futebol ou sobre as ondas. Eles resolvem as brigas no muro, não levam desaforo para casa, não ligam para moda e nem etiquetas, não estão nem aí se Madonna vem ao Brasil e quando saem nos jornais, saem nas páginas policiais e são o oposto dos “meninos bonzinhos” que freqüentam as colunas sociais. ”Meninos bonzinhos” para continuarem bonzinhos rejeitam neles tudo que é próprio do “pior menino da rua” e vice versa. Ambos buscam no outro aquilo que lhe foi negado.




Meu convívio com “o pior menino da rua” durou pouco tempo. Tempo suficiente para eu presenciar e até ser conivente com alguns pequenos delitos dele. Ele saiu cedo da nossa cidade e foi aventura-se em outros mundos, em um dos seus poucos retornos me contou que na capital do nosso estado, havia conhecido uma boite onde “só tinha homem e os caras se beijavam na boca”. Soubemos depois que ele foi preso, depois foi solto, foi preso novamente e depois assassinado. “O pior menino da minha rua” teve uma vida breve e intensa.

Por outro lado Genet teve uma vida longa e gloriosa, com ajuda dos novos amigos consegui se livrar da condenação da prisão perpétua e produziu cerca de 40 obras, entre elas está O Milagre da Rosa (1945-1946), Pompas Fúnebres e Querelle – Amar e Matar (1947), que Rainer Fassbinder transformou em filme, e com a peça O Balcão (1947) revelou-se um dramaturgo de profundidade intelectual, precursor do teatro do absurdo. Também dirigiu um filme, Um Canto de Amor, em 1950, e escreveu vários roteiros. Eternizou sua vida em Diário de um Ladrão (1949), um romance autobiográfico, onde confessa aberta e escandalosamente ter sido ladrão e homossexual.

Dedico esse texto ao meu amigo Vilberto (in memória), que não soube separa as fronteiras do desejo da fantasia e foi brutalmente assassinado por seu companheiro, com um taco de beisebol.

 “Provavelmente não há um só homem que não deseje se tornar fabuloso, 
numa escala ampliada ou reduzida”. 
Genet