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Parada Gay de Juiz de Fora-MG( 2010) por Alemberg Santana |
Nesta segunda-feira, 30, às 22h30, logo após a novela Passione a Rede Globo exibiu a comédia pastelão Escorregando para a Glória (Blades Of Glory) que foi produzido por Ben Stiller, estrelado pelo ex-Saturday Night Live, Will Ferrell, e pelo desconhecido Jon Heder. No filme, Chazz Michael Michaels (Will Ferrell) e o garoto prodígio Jimmy MacElroy (Jon Heder) são dois atletas praticantes de patinação artística no gelo que, quando brigam em rede nacional após uma competição, perdem suas medalhas e são banidos das competições individuais. Para voltarem a patinar, decidem formar uma aliança para competir na categoria: Dupla.
O detalhe que mais me chamou a atenção no filme, além dos modelitos pra lá de cafona deles, foi o fato que a dupla: “homem & homem”, não fazia parte dos registros que tenho dessa modalidade de patinação. Pelo menos, não nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2010 em Vancouver, Canadá. No filme o treinador (Craig T. Nelson) diz que o regulamento não especifica que a dupla tem que ser necessariamente formada por um homem e uma mulher, provavelmente isto deve ser uma “licença poética”, diremos assim, do filme para justificar o enredo.
Fiquei me perguntando, será o filme uma alegoria para o tão falado “casamento gay”? Se não foi totalmente intencional, pelo menos vale algumas reflexões, quanto ao casamento igualitário e as duplas que serão formadas de homem & homem ou mulher & mulher a partir dele, essa dupla será chamada de casal?
Eu: Alemberg Santana, não quero fazer parte de um “casal”, não por conservadorismo, pelo contrário, estou apenas tentando elaborar a minha auto-reflexão sobre a dimensão da revolução que o movimento gay vem causando desde os anos 70, que vai além dos costumes e passa necessariamente por uma reforma “ortográfica”. É tudo muito novo e sem antecedentes, sem nada anterior para nos guiar e nem termos próprios para nos auto-denominar, os que existem hoje foi tomado emprestado da milenar dicotomia homem e mulher, macho e fêmeas, sexo masculino e sexo feminino e por aí vai. Os termos existentes, para se referir a essa nova sexualidade plural, muda constantemente. Tornando qualquer texto cheio de boas intenções em algo politicamente incorreto no dia seguinte a sua publicação. Deixando todos sem saber como se referir de forma politicamente correta ao gay (ou seria Homoafetivo?), ao “casal homossexual” (ou seria Duo? Par? Dupla?), “ao casamento gay” (ou seria igualitário?) comunidade gay (ou seria GLS? GLBTT? LGBTT?), sem causar um constrangimento para algum grupo e logicamente para quem escreve ou fala.
Em 1869 o escritor e jornalista Karoly Maria Kertbeny criou o terno homossexual, derivado do grego: homos, que significa “semelhante, igual”, desde então, esse terno foi usado para definir o homossexualismo, que depois mudou para homossexualidade, para diminuir a carga pejorativa do terno. Pelo exposto acima, espero que o meu desejo de não virar “casal” seja compreendido, pois por falta de termos apropriados prefiro permanecer nessa relação inominável até que alguém ouse criar um terno no mínimo auto-explicativo , pois, pelo que me consta está implícito na definição de casal a dualidade macho e fêmea, masculino e feminino, e por hora ainda nos definimos como macho e macho (risos). E não quero perder horas explicando que, pelo menos na nossa relação inominável não existe um que é o homem e outro que é a mulher.