sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ateu, graças a Deus.

Clube dos Anjos.

Não é a primeira vez que a religião entra no debate político brasileiro, em 1985, por exemplo, Fernando Henrique Cardoso, sentiu o gosto amargo da Fé, ao ser evasivo, quando lhe perguntaram, num debate político, transmitido pela TV, se ele acreditava em Deus. Jânio Quadro, seu adversário político da época, venceu a eleição para prefeito de São Paulo, com o “santo” voto dos eleitores conservadores. Nos últimos dias, católicos e evangélicos têm se mobilizado contra a candidatura de Dilma Roussef e José Serra, pela presidência do Brasil, por causa de várias declarações deles em defesa ou contra a legalização do aborto e do casamento gay. Desde então, presidenciáveis e eleitores entraram em uma verdadeira guerra santa e isso é bom, muito bom. Assim, pela primeira vez, a necessidade de separar o Estado da Religião tornou-se evidente e entrou na pauta do dia pela porta da frente.

Desde sempre Direito e Religião se inter-relacionam, hora apresentando pontos de semelhança, hora pontos de distinção, dependendo do momento histórico. Em praticamente todas as sociedades do mundo as leis surgiram como parte da Religião vigente e eram fundamentadas e originadas dela. A princípio as normas do Direito eram dispostas dentre as regras religiosas. As leis mais antigas regiam sobre tudo, desde os ritos religiosos e cultos sagrados, passando por normas sociais e até higiene pessoal. E o mais grave, era que os antigos acreditavam que as leis eram ditadas diretamente pelos deuses ou Deus à pessoa eleita, como os 10 mandamentos.
           
De modo geral, a Religião, prega valores e princípios dogmáticos para serem obedecidos e seguidos pelo homem por toda a sua vida. Valores esses que induzem seus fiéis a determinadas condutas sociais e proibições, muitas proibições, em nome do Bem. Nesse aspecto, o Direito e a Religião se parecem por comungarem de mecanismos para o controle social, que impõem condutas e valores e que têm como finalidade o bem comum. A diferença fundamental é que no Direito as leis mudam de acordo com as necessidades do momento, evoluem. E na Religião não, suas leis, normas e regras são dogmáticas e permanentes.

Adão & Ivo


Quando a Bíblia, o livro sagrado do Cristianismo, condena abertamente a homossexualidade masculina, através do livro Levitico, capítulo 18, versículo 22, dizendo: “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é;” e ainda sentencia uma dura penalidade, por isso, dizendo que: “Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.” (Levitico 20:13), isso significa que para sempre a homossexualidade será um pecado e todo homossexual será punido. Portanto, discutir qualquer avanço nas regras sociais em termos religioso é uma completa perda de tempo, nessa e em qualquer outra eleição. Eu: Alemberg Santana, ao contrário da maioria, não acho que Deus entrou na eleição, acho sim, que através dessa eleição a sociedade brasileira entrou na discussão mundial, até onde podemos permitir que Deus entre nas nossas leis, normas e regras.

Quem interpreta a Bíblia de forma literal nos tempos de hoje, sem seguir todos os seus preceitos recomendados como: escravizar (Pedro 2:18), apedrejar, cortar a mão, furar os olhos (Mateus 5: 22-30), etc certamente vive em pecado. É sabido que na Bíblia não existe uma escala de pecados: pecadinho, pecado e pecadão, ou isso é mais pecado e aquilo é menos pecado. Pecado é pecado. Quem escreveu cada livro da Bíblia não imaginou que os tempos modernos seriam tão diferentes e diversos, não imaginou que a maioria dos países do mundo viveria sob um regime democrático e que a escravatura seria abolida. Que seria possível e desejável a realização de transplante de órgãos, que haveria poluição e a exploração do espaço sideral, portanto a interpretação literal da Bíblia não tem como abordar temas contemporâneos sem provocar um grande embaraço.

Não é a toa que o número de pessoas que se declaram ATEU, tem crescido mundo a fora. Homossexualidade e algumas religiões (pelo menos as de origem judaico-cristã) são inconciliáveis e o homossexual que se diz Católico, Batista, Evangélico, Espírita, e afins certamente está acendendo uma vela para Deus e outra para o Diabo, diariamente. E que me atire à primeira pedra, àquele que não vive em pecado.

Eu oro pela beatificação de Lula kkk!

PS: Não esqueçam que Religião e Espiritualidade são coisas distintas e prometo um dia expor minha opinião sobre Espiritualidade.

2 comentários:

  1. Com certeza, com uma Bíblia tal, e com um jeito de se professa a fé tal como há quase três ou cino mil anos atrás, é preferível ser ateu mesmo. Mas Deus e espiritualidade estão bem acima destes conceitos inventados pelos homens...

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  2. Concordo com tudo que você escreveu - e comungo do mesmo ponto de vista sobre religião e espiritualidade. Quando trabalhei na Arábia Saudita e em outros países islâmicos tive a surpresa de descobrir que havia uma grande porção do mundo que não vivia de acordo com a Bíblia e nem seguia Cristo - mas viviam de acordo com outro livro ainda mais absurdo. Virei ateu, e como ateu finalmente encontrei todas as respostas que procurava.
    Hoje em dia costumo dizer que o que eu mais gostaria é de descobrir que estou errado e de me encontrar com Deus aos morrer para poder dizer a ele pessoalmente o quão incompetente ele é.
    Abraço,
    Muque de Peão

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